a febre do tumblr durante a minha adolescência foi real. lembro de ter mudado o título do meu blog por várias vezes e aqueles dois anos frenéticos na rede, renderam outras incontáveis alterações no meu layout, enquanto eu tinha o meu primeiro contato com HTML e CSS. foram tempos bons, mas que não conseguiram superar a emoção de criar este blog, o poético diário.
lembro de na época estar chateada, triste; de mau humor. queria muito fazer algo legal por mim. e fazer algo legal se resumiu a abraçar a escrita de novo, através do blogger. deu muito certo. hoje vejo que muitas pessoas têm partido pra esse lado das palavras, como há dez anos, e quem não tem um diário virtual fala de maneira saudosa dos tempos de blogosfera. já me perguntei muito o porquê de as pessoas sentirem isso e a resposta é simples. esse registro da vida, do que escapa, de alguma forma, faz a nossa vida ficar aqui de forma permanente. dedicar algum tempo às letras é bonito. saber que dedicou um tempo a esse registro é bonito.
hoje, apesar de tantos posts da época estarem em rascunho, arquivados, lembrar que um dia os escrevi, fotografei, me lembra que sempre estive viva, sentindo que talvez amar as artes visuais é muito porque naquele maio, aos dezoito anos, "poético diário" surgiu na minha cabeça; como mágica. os parágrafos sem nexo, as histórias sem combinação, que só queriam ir parar no teclado. existia algo meu que eu queria que fosse do mundo. acredito que até hoje continuo assim. dez anos depois.
no instante em que escrevo esse texto começa a tocar a quai, do yann tiersen. foi nessa época, anos atrás que decidi que essa música seria a trilha sonora da minha vida. por algum motivo ela se tornou e continua sendo. a melodia crescente, melancólica, fala ao meu ouvido sobre um desejo por tudo o que for criativo. depois de viver tantas coisas desde 2014, tenho a certeza de que fiz dela uma oração.
eu simplesmente tinha decidido sair daqui sem me despedir. no linkedin, coloquei que fui "diretora" deste espaço por nove anos. eu mal sabia que ficaria incomodada com esse nove tão solitário. nove. no fim, foram dez anos. sair sem um adeus é menos dramático, este lugar merece um último texto e palavras que vêm direto do coração. após tantos meses longe de tudo, retomar algum texto é uma glória. a maior delas. passei tanto tempo isolada de mim, quieta, quase esquecida do que um dia me manteve de pé. escrever com a cabeça erguida também é uma glória.
por isso, deixar o nome
poético e esse lugar existindo faz tanto sentido. a grande mudança é que tenho planejado isso aqui: começar novos escritos numa
newsletter, mas (ainda) deixar este lugar ativo, vivo, acessível. o substack me parece uma alternativa mais fácil de as pesssoas serem sinalizadas quando algo novo é criado - ao menos senti isso sendo leitora de outras pessoas - e isso, talvez apenas isso, tenha feito com que eu me apaixonasse por maneiras novas de contar sobre as coisas (também novas) que me cercam.
sinto que preciso contar mais sobre o que tenho vivido com as artes visuais, a pesquisa, o que tenho lido, escutado. quanto mais o tempo passa, mais sinto que esse registro sobre a vida é o que move tudo. espero que vocês sintam o mesmo, pois continuarei fazendo isso: sentindo.
com amor,
(lary)ssa